No presente artigo, venho falar acerca da grande dificuldade que se tornou adquirir um imóvel em Fortaleza, por razões as mais contraditórias possíveis.
Até algum tempo atrás, era possível encontrar imóveis bons, de certa forma espaçosos e bem localizados em Fortaleza por preços justos, às vezes até na casa dos cinco dígitos.
Todavia, nos últimos anos, com o aumento da oferta de crédito, inclusive do imobiliário, as empresas do ramo, sejam construtoras ou corretoras de imóveis aproveitaram a situação para "dar uma valorizada" nos imóveis da nossa capital cearense.
Outro aspecto importante a ser citado é de que antigamente, apenas quem tinha renda comprovada obtinha financiamento com facilidade. Hoje, com um extrato bancário que comprove movimentação financeira, ou fatura de cartão de crédito, você consegue comprovar renda informal. Isso mesmo: RENDA INFORMAL. Os meus conhecimentos jurídicos me infomam que a renda deveria, em tese, ser formal sempre. Mas o Direito é isso mesmo: tem que acompanhar a crescente e camaleônica movimentação social - ou não.
Não sou nenhum especialista no setor imobiliário, pelo menos não tenho conhecimento técnico para avaliar objetivamente o valor de um imóvel, contudo, desde o início deste ano resolvi procurar um imóvel, juntamente com minha noiva, tendo em vista que pretendemos nos casar em 2011.
Nós procuramos imóveis pela região que se estende do bairro Luciano Cavalcante, passando pela Água Fria, Edson Queiroz, Sapiranga, Cambeba, Cidade dos Funcionários, Lagoa Redonda e Messejana, todavia, não deixamos de olhar ofertas em outros bairros próximos e observar a crescente oferta em outros bairros, como a Maraponga, bem como a explosão imobiliária no inacreditável Passaré...
Nesse cinco meses de procura, podemos com segurança chegar a várias conclusões acerca do mercado imobiliário em Fortaleza:
1. NÃO EXISTE MAIS PERIFERIA - não importa se a casa ou apartamento fica em local distante do centro geográfico de Fortaleza, ou de áreas movimentadas comercialmente, ou ainda de acesso "complicado", ou mesmo próximo à favelas - o que interessa é se o imóvel está localizado em "área de influência" de locais que estão realmente valorizados (é a velha estória da sombra pra se encostar...), e. g., Messejana, que sofre a influência da devastadora valorização da Av. Washington Soares (em outras épocas, a classe média nem pensava em morar na Messejana - quando eu era criança, nas pouquísimas vezes que ia visitar uma tia que morava lá, considerávamos tal uma viagem, sendo necessário passar o dia inteiro lá pra compensar a ida... - hoje, lá podemos encontrar imóveis de padrão muito bom, mas que resultam caros em demasia, uma vez que apesar do padrão melhor do imóvel, a Messejana não mudou sua localização geográfica, além do que o trânsito lá já está estrangulado! - necessário se faz a intervenção do Estado para melhorar o bairro com o fim de evitar o total colapso da tão promtida tranquilidade...).
O que dizer, então, da Lagoa Redonda??? Lembram daquela célebre frase Pobre do México, tão longe de Deus e tão perto dos E...? Pois agora vou parafraseá-la: Que maravilha é a Lagoa Redonda, tão perto da Washington Soares e mais colada ainda no Conjunto São Miguel!!! Isto sem falar nos acessos a este tão valorizado bairro, atualmente anunciado como área nobre, que são poucos, a considerar que temos como acesso realmente acessível a Av. Maestro Lisboa, observando-se que os outros acessos são, digamos, complicados, por cortarem áreas extremamente favelizadas, esquisitas, com condições, por vezes, precárias estruturalmente, sem falar no problema sempre presente das ruas invadidas por favelas.
Mas o pior mesmo são os famosíssimos e inacreditáveis bairros duplos. Isso mesmo, bairros duplos!!! Mas o que é isso??? Como já disse acima, muitos bairros "pegaram carona" na intensa valorização na Washington Soares, tendo como maior exemplo, a Messejana. Todavia, tem imóvel que quer pegar carona no bairro que já pega carona! Isso mesmo: seria uma espécie de subpegar uma subcarona. Exemplos marcantes: Messejana-Ancuri e Paupina-Messejana. Óbvio que o imóvel é localizado no bairro, digamos, menos valorizado, mas se faz necesário um certo "artifício" para torná-lo atraente...
2. QUANTO MENOR, MAIS CARO - nos bairros em que empreendemos nossa busca, nos deparamos com uma realidade bem pitoresca: os apartamentos são mais caros do que as casas.
Mas as casas não são maiores e mais confortáveis do que os apartamentos, além de amenizar os efeitos maléficos daquele velho incômodo chamado vizinho???
São, mas em termos. Primeiramente, quero esclarecer que só procuramos casa em condomínio - que já são mais caras do que as casas "soltas".
Mas, apesar desta peculiaridade, podemos concluir que na área da cidade que está sendo objeto da presente análise, a relação custo-benefício nos conduz à quase impraticabilidade de residir em apartamento nesta, sendo mais vantajoso residir em casa em condomínio, tendo em vista ser esta uma área onde o custo com segurança do imóvel resulta caro para quem vai bancar sozinho, se desejar morar em casa "solta".
Vamos comparar, condiderando imóveis de padrão bom: na região da chamada Água Fria, um apartamento de pouco mais de 57 m² pode chegar à cifra de R$ 185.000,00 (cento e oitenta e cinco mil reais), enquanto podemos encontrar casa duplex em condomínio, de aproximadamente 100 m² por R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
Logo, qual o negócio mais vantajoso???
Óbvio que o cliente é quem deve analisar o que deseja, pois há pessoas que gostam de apartamentos, outras preferem casa, se prestando, a interrogação acima, a avaliar o real valor do m² na região.
3. TANTO FAZ USADO OU NOVO - O PREÇO É QUASE O MESMO - sempre ouvimos aquela estória: que imóvel usado é bem mais barato que o novo; de outra feita, ouvimos que comprar imóvel na planta se torna mais barato.
Na realidade, eu e minha noiva chegamos à seguinte conclusão: os dois tipos (usado ou novo) têm suas vantagens e desvantagens.
IMÓVEL NOVO (na planta): Vantagens: você pode fazer as reformas necessárias junto à própria construtora, tentar barganhar desconto no material não utilizado, não gera desconforto para vizinhos, como ainda não recebeu o imóvel, não precisa pagar a famigerada taxa de condomínio, pode pagar a entrada e o sinal de forma facilitada, parcelada, pode, em razão disto, se programar de forma mais "confortável"; Desvantagens: tem que aguardar o recebimento (a maioria das construtoras estabelece como prazo de duração da obra 2 anos a contar do lançamento do empreendimento, ressalvando que a obra pode atrasar 6 meses), tem que mobiliar o imóvel, tendo em vista que você será o primeiro morador.
IMÓVEL USADO: Vantagens: Você recebe logo, muitas vezes o imóvel já tem a mobília do antigo dono (muitas vezes, isto não é bem uma vantagem...), bem como o antigo dono já fez reformas visando a melhoria do imóvel, principalmente no tocante a acabamentos; Desvantagens: o "receber logo" às vezes se torna uma desvantagem (pra quem está procurando com bastante antecedência, como eu e minha noiva, não se torna interessante receber logo, tendo em vista que mesmo não estando a ocupar o imóvel, temos que pagar a taxa de condomínio), não podemos barganhar desconto na não utilização do material da construtora, nem em possível reforma, além de que a reforma será completamente executada por nossa conta, principalmente na contratação de pessoal (o que geralmente se torna dor de cabeça), você gerará transtorno para seus vizinhos, a reforma se tornará mais complicada, pois terá que quebrar o que já existe para deixar do jeito que você quer.
Bom, declaro encerrada esta primeira parte do meu artigo sobre o mercado imobiliário em Fortaleza.
Até mais!!!